Resenha - Controle

Controle

Autora: Natalia Borges Polesso
Editora: Cia das Letras
Gênero: Literatura Nacional /
Páginas:176
Sinopse: Skoob

Avaliação:
Olá, tudo bem com vocês?

Sabe quando você pega o livro para ler sem nenhuma expectativa? e você se surpreende muito no final ? pois é não dava nada para "Controle"  e me surpreendeu maravilhosamente bem.

Maria Fernanda mais conhecida como Nanda é quem narra o livro em primeira pessoa e começa a contar sua história de vida.

Nanda sempre amou andar de bicicleta na infância, fazia várias manobras, mas vira e mexe caia e desmaiava não sabia dizer o porque, no começo achava que eram quedas aleatórias , porém algumas dessas quedas eram acompanhadas de desmaios porque muitas das vezes batia a cabeça, mas no decorrer do tempo ela descobriu sofrer de epilepsia.

Epilepsia é a atividade excessiva e anormal das células cerebrais e a pessoa cai , normalmente apaga e pode ter convulsões ou apenas um desmaio e ficar com o corpo se tremendo.

Depois desse diagnóstico a vida dela muda drasticamente, ela abandona os estudos, fica muito mais tempo em casa e deitada com medo de ter uma crise, escuta muitas músicas, o livro tem várias citações de bandas americanas, mas também traz boas lembranças do passado como a internet discada que era lenta demais, os chat que todo mundo conversava online, MSN troca de mensagens nos anos 90, namoro virtual.

Aos poucos ela vai percebendo que seus amigos vão se afastando dela, e ela se sente cada vez mais sozinha e solitária. Mas apenas uma amiga a Joana continua tratando Nanda da mesma forma.

As duas são super amigas, dormem na casa uma da outra, gostam das mesmas bandas e até rola uma atração física entre ambas mas as duas demoram um pouco para perceber essa atração. 

Página 50
De qualquer forma eu era muito ruim, e nada disso era culpa só da epilepsia. O violão estava escorado na parede, todo empoeirado, e eu sem coragem de pegar. Sem coragem de nada.
Eu passava os dias com fones de ouvido, deitada no chão do quarto, não falava direito com meus pais, não falava com ninguém. Apenas o necessário. Ficava deitada pra evitar quedas. Nunca contei isso para ninguém. Mas passava pela minha cabeça " se eu ficar aqui deitada e tiver uma crise, melhor, nem vão notar".

Os dias de Nanda são muito normais, ela nunca faz nada muito interessante e então resolve escrever no seu diário para o dia ficar um pouco mais legal, mas ela não tem vida social, raramente vai ao cinema e muito menos no bar ou lanchonete próxima de casa encontrar alguns amigos. 

Talvez essa solidão e o tempo muito ocioso acaba deixando Nanda um pouco deprimida, mas olha juro que em muitas situações me vi muito como a Nanda, pensamentos bem parecidos e comportamento também. 

Depois de passar praticamente uma vida dentro de casa perto de completar trinta anos ela arruma um emprego na recepção de um consultório próximo a sua casa, de uma amiga da sua mãe, então ocupar a cabeça fica bem melhor do que pensar várias coisas sem sentindo. 

Ao completar 30 anos surge a oportunidade de Nanda fazer uma cirurgia e se curar 100% das crises e voltar a ter uma vida normal, apesar de ter riscos como qualquer outra cirurgia Nanda quer muito voltar a viver e ai mesmo que seja um pouco tarde, ela resolve cursar uma faculdade e viajar. 

A leitura é muito envolvente e instigante adorei a escrita da autora, acho meio impossível quem ler não se identificar com muitas coisas que estão no livro. 


Página 51
Porém, eu esperava que alguém me desse atenção, que me perguntasse como era de repente perder a consciência numa descarga elétrica cerebral, como era por dentro para mim, mesmo que eu não soubesse dizer. Queria que alguém perguntasse de um jeito honesto. Porque às vezes a gente não sabe mesmo como se sente, não sabe nada, nunca por completo, mas seria bom falar sobre isso realmente.Ninguém me perguntava nada e cada vez se afastavam mais. Então eu me afastava também. Repelia. As pessoas faziam de conta que nada daquilo existia. Pelo amor de deus! Era uma pessoa tremendo e babando no chão da sala, da cozinha, na rua, como podiam ignorar aquilo em mim? Aquilo me deixava mal, severamente mal. Afrontava minha inteligência. Me dava uma gastura. Meus próprios amigos, minha família.
Eu não era burra. Eu queria falar sobre as coisas. Eu precisava falar sobre as coisas. Mas todos preferiam ignorar.

A Nanda apesar de se fechar em seu casulo por ter epilepsia ela é como qualquer um de nós que passa dias bons, e dias tristes, e dias com raiva, e dias de tédio, o problema muita vezes esta na limitação que a nós mesmos criamos em nossa cabeça e quando vemos que é possível se planejar, viajar, aproveitar a vida criamos asas e vamos voar.


Página 70
Não sentia culpa exatamente, sentia vergonha, que se manifestava nos meus dedos inquietos. Me sentia um estorvo. Ocupava espaço e tempo demais das pessoas. Amiga " que dava muito trabalho".

Apesar do livro abordar também um romance homoafetivo o que praticamente nem existe no livro porque é de uma maneira muito sútil, essa situação só mostra para quem está lendo seja qual for a orientação sexual que como a gente perde tempo pensando em coisas sem sentindo ao invés de tentar ser feliz. 

A Nanda ficou guardando esse sentimento e atração por 30 anos ,  Joana sua melhor amiga também só revelou sua orientação sexual depois de anos de amizade com medo da reação alheia.

E quando falei lá em cima que me identifiquei muito com a Nanda é nesse sentido de as vezes a gente demorar para tomar uma atitude seja ela qual for na vida pessoal ou profissional, é ótimo ler livros que faz a gente perceber que somos normais e que outras pessoas passam e sentem coisas parecidas com você.

"Controle" fala de amizades, epilepsia, amor, juventude,  futuro, presente, passado e o melhor de tudo fala como devemos correr atrás dos nossos sonhos afinal sonhar não custa nada.

O final deixou um pouco a desejar mas talvez seja essa a intenção da autora fazer a gente pensar e refletir sobre a vida e nossas atitudes as vezes quando resolvemos mudar já passou muito tempo e pode ser tarde demais.

Se eu fosse você daria uma chance para essa leitura pois com certeza é um livro maravilhoso.

Beijos 

Até mais!

3 comentários :

  1. parar de beber foi a melhor coisa que eu fiz, hoje vivo muito melhor e feliz, minha vida mudou completamente.

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