[Resenha/Lançamento] Cartas a Ophélia


Título: Cartas a Ophélia
Autor: Fernando Pessoa
Ilustração: Antonio Segui
Editora: Editora Globo / Biblioteca Azul
Páginas: 150

Ótimo!

Oi gente, tudo bem?

Hoje trago a resenha de Cartas a Ophélia, uma cortesia da Editora Parceira, Globo Livros.
“Ao menos, querido leitor, resta-nos o consolo de tê-lo alertado acerca dos riscos da empreitada que ora se inaugura. A leitura da correspondência alheia não é atividade inocente. Muito menos se o signatário das cartas intitular-se Fernando Pessoa”.

Cartas a Ophélia, como o próprio prefácio nos diz, é um ‘saboroso convite a um ilícito voyeurismo: trata-se de desvendar as cartas amorosas de um dos maiores poetas do século passado’. 

Primeiro, quero dizer que o livro é muito lindo! Ele inicia e termina com cópias de cartas escritas à mão por Fernando Pessoa e tem ilustrações riquíssimas de Antonio Segui.

É de muita responsabilidade essa leitura, exige concentração, sensibilidade e coração aberto.

O livro data-se de 1920 a 1935 e é rico de um amor inocente, sem conotações sexuais, cheio de mimos e também, claro, como todo o romance, rupturas, desentendimentos e cólera.

Fernando Pessoa descreve de modo límpido o seu sentimento a Ophélia. Durante a leitura, somos envolvidos com as cartas dos flertes iniciais, uma delas que achei interessante, é que Ophélia chegou a pedir a Fernando Pessoa um reconhecimento por escrito de que ele mesmo a estava cortejando e não outro e que seus interesses eram sinceros. Depois, somos enlaçamos pelo desenvolvimento do sentimento, até mesmo fazendo Fernando finalizar diversas cartas com as palavras: “(...) teu, sempre teu, Fernando Pessoa”.

“Quando passo um dia inteiro
Sem ver meu amorzinho
Cobre-me um frio de Janeiro
No Junho de meu carinho”.
(Fernando Pessoa)

No meados do livro, somos surpreendidos com uma ruptura repentina desse amor que parecia tão inabalável. Fernando Pessoa até mesmo diz que fora trocado por Álvaro de Campos ¹, alguém, que Ophélia não possuía nenhuma afeição. Após essa carta, tudo muda e Fernando não mais assina suas cartas com promessas de amor eterno. O que é bem curioso e nos faz refletir e muito nessas questões: Para ser verdadeiro, o amor precisa ser eterno? Amor eterno realmente existe?

“O Tempo, que envelhece as faces e os cabelos, envelhece também, mas mais depressa ainda, as afeições violentas. A maioria da gente, porque é estúpida, consegue não dar por isso, e julga que ainda ama porque contraiu o hábito de se sentir a amar. Se assim não fosse, não havia gente feliz no mundo. As criaturas superiores, porém, são privadas da possibilidade dessa ilusão, porque nem podem crer que o amor dure, nem, quando o sentem acabado, se enganam tomando por ele a estima, ou a gratidão, que ele deixou”. Pág. 93

Sabemos que naquela época, era tudo muito diferente de como é hoje. O relacionamento descrito nas Cartas à Ophélia, não possuía toques, beijos, afeição carnal. No máximo, encontros discretos na hora do almoço para conversar ou caminhadas na volta para casa após o expediente de trabalho, que por sinal, ambos trabalhavam na mesma fábrica. Ou, ainda, Ophélia ficava à janela esperando seu amado passar na rua e ele, fazia isso, claro, propositalmente. Assim, esse amor foi considerado por muitos, platônico.

Esse romance se desenrolou durante uma década inteira e acredito, que apenas tenha sido rompido devido a morte de Fernando Pessoa que teve uma morte prematura, aos 47 anos, mas quem sabe, ele ainda viva. As cartas tem um tom aflito, de necessidade imediata de se ter a pessoa amada, de ambos os lados. E convenhamos, não é nada fácil ficar longe da pessoa que amamos, e ao mesmo tempo tão perto. Como diz Djavan: “Morrer de sede em frente ao mar”. Não sabemos o porquê Fernando não assumiu de vez esse relacionamento, talvez, seu modo de vida democrata. Ele não sabia ao certo o que querer do futuro, enquanto Ophélia o cobrava por isso e podemos entendê-la.  

“Estas coisas fazem sofrer, mas o sofrimento passa. Se a vida, que é tudo, passa por fim, como não hão de passar o amor e a dor, e todas as mais coisas, que não são mais que partes da vida?” Pág. 94

Já no finalzinho dos capítulos, somos surpreendidos novamente, mas essa surpresa, deixo para vocês descobrirem quando lerem o livro J.

Li o livro em dois dias, ele é curtinho e a leitura, apesar de profunda é leve. Ora nos sentimos Ophélia, ora nos sentimos Fernando Pessoa. Muito recomendo!


¹Álvaro de Campos: Um dos heterônomos de Fernando Pessoa.

Espero que tenham gostado e deixem suas opiniões! Tem vontade ler? Já leu outros escritos de Fernando Pessoa? Conta aqui para gente!

Beijão!



15 comentários :

  1. Apesar de gostar da sua resenha, não me interessei pelo livro por não fazer meu estilo, mas quando tiver uma oportunidade, porque não ler né, eu tento ler todo tipo de livro, mesmo não gostando de primeira, quem sabe, já descobri livros muito bons que eu julgava pela capa. Bom final de semana! Fica com Deus!

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    1. Oie Sa,

      Obrigada pelo comentário flor! É bom dar uma chance para o livro sim, eu também não costumo ler livros neste estilo, mas me surpreendi com este. :)

      Beijos, fique com Deus também!

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  2. Dressa, li Fernando Pessoa quando fiz Letras, depois disso não li mais nada, não sei se esse seria um livro que eu leria agora, mas com certeza é um livro que vale a pena ler, eu gosto bastante desse universo onde se sentir cortejada era um bálsamo para a alma.
    Adorei sua resenha!

    Bjks

    Patty Santos - Blog Coração de Tinta
    http://www.coracaodetinta.blogspot.com.br/

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    1. Oi Patty,

      Obrigada pela visitinha flor! Fernando Pessoa nos faz voltar ao tempo realmente e a leitura vale muito a pena. :) É para ler aos poucos, saboreando cada palavra.

      Beijos.

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  3. Oi Eyka e Andressa,
    tudo bem?
    Eu sou apaixonada por cartas!!!!! Todo e qualquer livro que tenha cartas, já me conquista logo de cara. Acho muito romântico. E cartas do ilustríssimo Fernando Pessoa? Nossa!!!
    Muito bem escrita a sua resenha.
    Beijinhos.
    Cila- leitora Voraz
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br

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    1. Oie Cila, tudo bem flor e você?

      Obrigada pela visitinha! Também amo cartas! Era tão bom o tempo que aguardávamos a visita do carteiro com a expectativa de receber aquela cartinha de alguém querido! Bons tempos! Mas, dá para sentir um pouquinho disso lendo o livro de Fernando Pessoa, recomendo ;)

      Beijinhos.

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  4. Parece ser um livro bem tocante mesmo. Na minha adolescência eu gostava muito de ler livros de cartas. Tenho até alguns aqui em casa.
    São valores que perdemos nos dias atuais.
    ;)
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

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    1. Oi flor!

      Realmente, antigamente era muito gostoso receber cartinhas das pessoas queridas. Gostaria que estes valores voltassem. Vale a leitura.

      Beijinhos.

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  5. Já li alguns livros de cartas e esse, realmente, parece ser muito bom! Além disso, Fernando Pessoa é clássico, né?!
    Beijos.

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    1. Oi Tati,

      Fernando Pessoa é tudo de bom! Ele nos faz viajar no tempo e desejar viver nos dias de antigamente. Vale muito a leitura!

      Beijos

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  6. Sinceramente, não consigo ler livros assim, porque minha escola me traumatizou me obrigando a ler um livro pior que o outro, eu gosto de uma leitura direta, sem enrolação, uma leitura fácil, detesto passar o dia mais com o dicionário do que com o livro por conter palavras difíceis. Então, pode ter certeza que mesmo o livro parecendo muito legal eu nunca vou ler =/

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    1. Oie flor,

      Entendo. Também não costumo ler livros assim, clássicos. Mas, esse é mais leve. São palavras que veem do coração mesmo, então a leitura segue mais leve. Espero que possa ter a oportunidade de lê-lo.

      Beijos.

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  7. Adorei a resenha desse livro adoro Fernando Pessoa li muito dos livros deles!
    bjkas
    Dani Casquet- Livros, a Janela da Imaginação

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    1. Oie Dani!

      Obrigada pelo comentário flor! :)
      Se puder, leia este também! É uma leitura para o coração.

      Beijos!

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  8. Nunca gostei de ler livros assim, não sei porque. Sempre tive uma aversão a eles, acho que é porque a escola sempre me tentava obrigar a ler algum assim. Mas eu adoro Fernando Pessoa, sempre leio vários textos dele e adoro, acho muito bons! Quem sabe eu não dou uma chance a esse livro, já que eu gosto tanto do autor, pode ser que eu me surpreenda com o livro! (:

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